O objetivo é democratizar o acesso e ampliar o alcance dos pacientes a melhores desfechos com sua tecnologia. A startup de saúde pretende estabelecer um ‘novo sinal vital’ e transformar positivamente a vida de mais de 1 bilhão de pessoas nos próximos anos.
A brain4care é uma healthtech brasileira que desenvolve e oferta tecnologia pioneira de monitorização de variações de volume/pressão dentro do crânio, também conhecida como complacência intracraniana (CIC). A healthtech adotou um modelo de negócio semelhante aos de serviços de streaming conhecidos, como Spotify e Netflix, que oferecem uso ilimitado a hospitais e consultórios por meio de um valor mensal fixo e acessível para democratizar o acesso à tecnologia e ampliar o alcance dos pacientes a melhores desfechos. Em 2021, a tecnologia passou a ser ofertada também para consultórios e centros médicos de neurologia e neurocirurgia de todo o país.
A tecnologia pode ser implementada em curto espaço de tempo tanto em consultórios quanto em hospitais e inclui o licenciamento da plataforma, o sensor em comodato, treinamento e suporte. “Trabalhamos com inteligência analítica aplicada à neurologia, por isso desenvolvemos algoritmos como elementos chave no nosso negócio. Nós realizamos a monitorização neurológica com um sensor wireless, que capta e envia sinais fisiológicos para o aplicativo onde, além de permitir a visualização dos resultados em tempo real, mantém sincronização permanente com a plataforma cloud, que é LGPD & HIPPA compliance, onde nossos algoritmos proprietários geram relatórios para interpretação clínica feita pelo neurologista, neurocirurgião ou intensivista. A realização do exame é simples e pode ser realizada na própria clínica ou consultório num intervalo entre 5 e 10 minutos, facilitando muito o acesso”, explica o CEO da brain4care, Plínio Targa.
Na clínica em São Paulo onde atua o neurocirurgião Anderson Rodrigo de Souza, a tecnologia auxilia no diagnóstico e acompanhamento pós-operatório de crianças com Síndrome de Crouzon, uma doença genética também conhecida por disostose craniofacial, que faz com que haja um fechamento prematuro das suturas do crânio, fazendo com que o cérebro da criança não tenha espaço para se desenvolver, comprometendo seu desenvolvimento neurológico.
Já o neurologista Marcos Lange adotou o recurso em seu consultório, em Curitiba, para atender pacientes com dores de cabeça e enxaquecas crônicas. Para ele, o monitoramento de variações da complacência intracraniana, aliado a exames clínicos e/ou de imagem, tem sido muito importantes para tornar os diagnósticos mais assertivos.
O CEO da healthtech acredita que o efeito streaming terá um papel importante para realizar a missão de estabelecer um ‘novo sinal vital, acessível a todos, em qualquer lugar’ assim como aconteceu com a aferição da pressão arterial, a medição da temperatura e das frequências cardíaca e respiratória. “Trata-se de uma informação adicional que qualifica o diagnóstico, orienta a terapêutica e indica a evolução de distúrbios neurológicos, auxiliando médicos e profissionais de saúde ao oferecer um indicador de saúde neurológica simples e acessível que contribui para aumentar a pertinência dos cuidados, a segurança do paciente e a otimização dos recursos dos sistemas de saúde”.
Estudo publicado na Lancet em 2020 aponta os distúrbios neurológicos como primeira causa de incapacidade e segunda de mortes prematuras no mundo. “Ao eliminar as barreiras de acesso a este novo sinal vital, abrimos um oceano azul de oportunidades com a ampliação das aplicações clínicas e da qualidade dos desfechos dos pacientes”, explica Targa.
A tecnologia brain4care foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2019 e pela Food and Drug Administration (FDA), em 2021, para comercialização no mercado americano. De acordo com Targa, “a aprovação da FDA é um marco histórico para nós, pois chancela a tecnologia 100% brasileira como eficaz para ampliar a assistência neurológica no mercado médico mundial”. A expectativa da empresa é conquistar uma fatia de US$ 20 bilhões no mercado mundial, com mais de 2 milhões de sensores sendo utilizados em todos os continentes, impactando positivamente a vida de 1 bilhão de pessoas.
Pesquisas com a tecnologia estão sendo realizadas em importantes centros médicos internacionais, como John Hopkins Hospital e Cleveland Clinic. A tecnologia brain4care está presente em clínicas e hospitais de 15 estados brasileiros, tais como o Hospital 9 de Julho e a BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Copa Star, CHN e São Lucas Copacabana no Rio de Janeiro; Unimed Belo Horizonte e Hospital Memorial São José em Recife.