Os desreguladores endócrinos, presentes, por exemplo, na poluição do ar, alteram o funcionamento de nosso organismo e se impõem como um desafio para a ciência
Os chamados desreguladores endócrinos são o tema desta coluna do professor Paulo Saldiva. Nada mais são do que diferentes categorias de substâncias que desregulam o funcionamento do sistema endócrino do organismo humano, interferindo, por exemplo, na secreção de hormônios sexuais, como os estrógenos, a testosterona e até mesmo os hormônios da tireoide. Um dos mais famosos desses desreguladores é o DDT, pesticida usado no passado para eliminar transmissores de doenças infecciosas como a malária e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade agrícola. A longo prazo, descobriu-se, porém, que tinha o poder de promover a desregulação endócrina.
No entanto, muitas outras substâncias podem alterar o funcionamento endócrino do organismo, dentre as quais os poluentes atmosféricos transmitidos por veículos ou indústrias. Saldiva diz que uma parte desses desreguladores tem efeito semelhante a estrógenos, “e essas alterações, quando provocadas por exposição a esses hormônios, podem estar associadas com câncer de mama em idade mais precoce”. Há também redução da qualidade de gametas masculinos, sem falar que podem até mesmo interferir com a secreção de insulina, predispondo à diabete e à obesidade. “A ciência tem um grande caminho ainda a percorrer”, diz o colunista, “mas principalmente clama por processos de produção de alimentos e processos de produção e geração de energia cada vez mais limpos”.
Via: Jornal da USP