Iniciativa oferece modelos tridimensionais do crânio para pesquisa e ensino, adaptados para auxiliar na aprendizagem de indivíduos com baixa visão.
O Projeto Segmenta, iniciativa liderada por professores da USP em colaboração com várias instituições, visa aprimorar a educação de pessoas com deficiência visual através da produção de modelos anatômicos em 3D. Lançado em outubro de 2023, o projeto é coordenado por Paulo Eduardo Capel Cardoso, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, especialista em Biomateriais e Biologia Oral, que, enfrentando desafios de visão, optou por utilizar tecnologias de impressão 3D para beneficiar outros indivíduos na mesma condição.
“O Projeto Segmenta utiliza avançadas tomografias computadorizadas para imprimir modelos de crânios em 3D. Esses modelos proporcionam acesso tátil às estruturas ósseas da cabeça, beneficiando especialmente pessoas com deficiência visual em contextos educativos”, explica Lúcia Maria Ramos, membro do projeto. “Isso permite uma compreensão mais profunda das estruturas faciais e cranianas, o que é fundamental para indivíduos com baixa visão”, destaca.
Lúcia também é responsável pelo Centro de Recursos de Aprendizagem e Inovação (Crai) na FO, um espaço dedicado ao desenvolvimento de ideias e habilidades específicas para a área odontológica, tanto na graduação quanto na pós-graduação, equipado com instalações para simulação odontológica, impressão 3D, entre outros recursos.
Israel Chilvarquer, colaborador do projeto e professor associado na FO, destaca que o projeto abriu novas possibilidades educacionais para pessoas com deficiência visual ou cegueira. Ele explica que a reconstrução tridimensional foi viabilizada através de linguagens matemáticas como dicoms e stls, permitindo a modelagem de diversas estruturas anatômicas.
O projeto, uma parceria entre o Crai, o Instituto de Documentação Ortodôntica e Radiodiagnóstico (Indor), a Faculdade de Odontologia da UFU, o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e a FO da USP, também desenvolve placas em braille para identificar e descrever os materiais impressos, além de audiodescrições acessíveis via QR code, facilitando a compreensão das estruturas.
Impressão em 3D
As impressões tridimensionais são realizadas a partir de tomografias computadorizadas, segmentando e transformando imagens em objetos virtuais, conforme explica Fábio Siviero, professor do ICB. A técnica de segmentação, da qual o projeto deriva seu nome, permite criar modelos 3D a partir de informações específicas da tomografia.
Modelos com patologias
O Projeto Segmenta não se limita a modelos normais; também inclui estruturas anatômicas com patologias, como tumores, proporcionando uma ferramenta educativa mais completa. Esses modelos são exibidos no Crai, na Faculdade de Odontologia, para fins educativos e de pesquisa.
Com planos de expansão, o projeto pretende incluir especialistas de outras áreas, como biologia marinha, visando imprimir estruturas ósseas de cetáceos para enriquecer ainda mais a educação tátil. O coordenador Paulo Capel enfatiza que as estruturas produzidas podem ser acessadas por profissionais da saúde e educadores, ampliando seu impacto educativo em diversas instituições.