A Sami, revolução dos planos de saúde, implementou ações no último ano para ampliar a diversidade na empresa, passando de 6% para 35% o número de pessoas negras no time.
Segundo a líder de diversidade e inclusão da Sami, Melina Moura, mais significativo que esses números, é ouvir da equipe que é perceptível que a organização está mais heterogênea, apesar de ainda haver muito caminho a ser percorrido para chegarmos num mundo ideal. “O mundo moderno trouxe a ‘unificação das vidas’, por isso a valorização da diversidade é tão importante, pois as pessoas/profissionais não querem mais esconder nenhuma parte de sua vida. Elas querem e têm o direito de ser quem são, mostrar seu cabelo ao natural, falar sobre sua história, sua realidade, sem medo de sofrer qualquer tipo de preconceito. E quando estão ‘inteiras’, essas pessoas produzem muito melhor”, afirma Moura.
Além do ambiente corporativo, o aumento da diversidade traz outras questões que afetam a população. No próprio setor de saúde, segundo os novos dados divulgados pelo Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra) há uma grande diferença entre negros e brancos na utilização dos serviços de saúde. O levantamento aponta que 29% da população negra no Brasil nunca foi ao dentista ou não consultam um profissional há mais de três anos. Outro dado que também chama a atenção trata do alcance do “exame da orelhinha” ou Triagem Auditiva Neonatal — importante para detectar possíveis problemas de audição nos recém-nascidos — nas crianças negras menores de dois anos. Cerca de 24,2% não fizeram o exame em contraponto aos 12% de crianças brancas.
A médica de família da Sami, Ana Carolina De Paula, mulher negra, relata a importância de estar em uma empresa que valoriza a diversidade. “Sempre fui exceção nos locais onde trabalhei, como única profissional negra no corpo clínico, e às vezes até na equipe técnica. Hoje, me sinto à vontade, segura e, inclusive, realizada por alguns casos ter a oportunidade de atender pacientes negros que também esboçam satisfação por serem acompanhados por mim”, conta a profissional da saúde, que desabafa: “Já enfrentei muito racismo por parte de colegas e pacientes, e cheguei a desistir de alguns empregos pelo clima pesado e insalubre. Não quero mais essa realidade para mim nem para ninguém, e vejo a metodologia de Gestão Inclusiva, como a implementada pela Sami, como uma saída para outras empresas darem voz e espaço a pessoas negras”.
Conheça a importância da diversidade nas pesquisas clínicas
Diversidade na pesquisa clínica: a importância da inclusão (o2labs.com.br)
Melina Moura ressalta que o trabalho de evolução é diário, o aprendizado constante, sendo realizado um mapeamento junto ao Instituto Diversitas para identificar pontos de atenção. Além disso, foi adotado um modelo baseado em neurociência focado em reduzir vieses cognitivos, seja orientando sobre falas equivocadas ou atitudes preconceituosas, para gerar autoconsciência nas pessoas para elas perceberem que têm esses vieses. “Fazemos acompanhamento de pessoas com marcadores sociais da diferença, mas saímos do ‘estamos contratando pessoas negras para estamos contratando todas as pessoas’, até eliminarmos todas as barreiras. Investimos em valorização da diversidade, com a consciência de que se trata de um processo. Quanto mais incluo, menos eu excluo. E o importante é começar, até conseguirmos fazer com que essas práticas reflitam positivamente em toda a sociedade”, conclui.
“No Brasil, temos a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), instituída em 2009, que reconhece o racismo como fator decisivo social da saúde e propõe ações para aumentar o acesso da população negra aos sistemas de saúde. Acredito que a partir do momento que a empresa adota, internamente, práticas de diversidade, será possível também passar para fora e ter um cuidado muito mais humanizado para todas as pessoas”, afirma Ana Carolina.